domingo, 13 de junho de 2010

O papel do artista


Hoje, na aula de teatro, conversamos sobre o papel do artista. Falamos sobre a magia da arte, do poder de seduzir, de provocar encantamento. E da sua função política, como veículo de reflexão crítica sobre o humano e seu meio.

Outro papel muito importante do artista é o de incomodar. O que por vezes passa despercebido ecoa aos olhos do artista, fazendo da arte o mistério daquilo que já conhecemos. Nas mãos do artista uma rosa não é só uma rosa, se transmuta em uma arma de espinhos ou em um beijo de pétalas. Por isso, se eu tivesse que traduzir a arte em um só sentimento, este seria o da perplexidade ante o cotidiano. O artista é aquele que sente o estranhamento como um estado constante de alma. Um ser inconformado que vaga em busca de significação. A lucidez do artista beira a loucura, penso. Enxergar além tem um preço, principalmente, quando se tem a consciência de que nunca se enxerga o bastante. Afinal, todo ponto de vista é a vista de um ponto (Leonardo Boff).

A vida é um jogo de regras relativamente estáveis. Começa assim que você entra em cena, cada passo seu repercute no jogo e você vai desenvolvendo seus movimentos na troca com o outro, dentro das condições de possibilidades do meio. A gente vai se percebendo nesse espaço, construindo um personagem que nunca é um mesmo. O existir vai se tornando habitual.

O que me lembra um poema interessante de R. D. Laing, assim:

“Eles estão jogando o jogo deles.
Eles estão jogando de não jogar um jogo.
Se eu lhes mostrar que os vejo tal qual eles estão,
quebrarei as regras do seu jogo
e receberei a sua punição.
O que eu devo, pois, é jogar o jogo deles,
o jogo de não ver o jogo que eles jogam.”

Então o teatro burla essa regra do jogo, pois que é feito uma metavida.

O que te incomoda? Quais são as suas questões?, perguntou meu professor de teatro.
Por hoje essa é questão que me sorveu o dia: Qual é o papel do artista? ou melhor..

Qual é o meu papel e o da minha arte?

Bem, espero ter incomodado vocês, leitores. :)

domingo, 6 de junho de 2010

Breve excursão interior


Pedaços pelo chão querem me compor: sou música. Sou um rítmo em descompasso que caminha em diagonal. Sou narrador-personagem, que ludibria, que quer ser lida. Sou a tentativa de descobrir, conhecer. sempre o processo, o meio, o imperfeito. Eu quero questionar o que dizem os poemas e as armas químicas. Costurar perspectivas e implodir qualquer certeza. Sou uma pintura cubista.


Sou o que vem depois da vírgula,