sábado, 24 de maio de 2014

Medocoragem, amor


_ Eu te amo.
_ Ah, eu te amo tanto.
Suspiros, silêncio, olhares
_ Mas, sabe, isso me dá... medo.
_ Medo? Ao contrário! Isso me dá coragem.

Medocoragem, e eles são dois. Dois corpos unidos, dois sentimentos opostos. 

Ela tem medo de, ao se entregar, se perder. Perder-se nele, transformar-se em outra. Hoje é um alguém de outro alguém, e isso é uma novidade. Aprendeu a lidar, pois percebia que já era sinceramente dele, e não queria negar, não, dessa vez ela se afirmava nisso. Ela dele, ele dela. Achava natural, muito humano esse instinto de possuir e se doar. Mas uma questão lhe vinha à mente: Quanto tempo dura a eternidade do amor? 

Ele sente coragem. Ao se imaginar daqui a 15 anos, ela é a certeza, estará ao lado dela. E por tê-la consigo sabe que estará bem, pois ela é sua maior alegria. O porto seguro para os dias difíceis, o afago dos problemas, o cobertor no frio. Ele sente coragem para viver nesse mundo incerto e ainda formar família, ter filhos, ter netos. Um amor construtor que quer planejar, dividir, realizar sonhos juntos.

Por vezes, ao longo dos anos, era ela a da coragem e ele o do medo. Também eram harmonia, ciúmes, cumplicidade, paixão. Dois seres humanos se amando. Vulneráveis e fortes. Afinal, amor "é um cuidar que ganha em se perder". Perder-se de si, encontrar-se no outro. 





3 comentários:

  1. Que lindo texto, Thamiris!
    Essa "coisa" do amor é mesmo assim, medo, coragem, coragem, medo... Muitas vezes, mais medo que coragem. Mas, no fim das contas, é exatamente assim como você escreveu muito bem: "Também (...) harmonia, ciúmes, cumplicidade, paixão. Dois seres humanos se amando. Vulneráveis e fortes. Afinal, amor 'é um cuidar que ganha em se perder'. Perder-se de si, encontrar-se no outro."
    ;-)

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  2. Gostei do final desse. Curioso é que há um conto meu um pouco parecido, só que uma personagem não consegue responder a outra se a ama.

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