segunda-feira, 18 de junho de 2012

Conto de fadas particular

Era uma vez uma menina que não sabia o quanto estava só. Ela caminhava, passos firmes, mas ninguém ao lado para dar as mãos. E passaram-se anos, e passaram pessoas. Mas suas pernas não ficavam bambas, seu estômago não parecia conter borboletas inquietas. Sempre a mesma história de início, meio e fim já marcados, previstos. Ela havia de contar com o passageiro, aprendeu. Pois descrer era melhor do que sofrer. 
 Achava que a incompletude era parte dela, lhe conferia identidade. E disse ao vento “não preciso de um Outro para ser feliz”. E não precisava mesmo. Mas até quando?
Um belo dia, chegou um cavaleiro na cidade. Ele vinha de longe, também sozinho. Curioso que de todas as moças disponíveis, ele fora fixar seu olhar nos dela. Um acaso, pensou a menina que não mais acreditava em amor a primeira vista. Ela se via borralheira, ele a via Cinderela. Então, ele a convidou para o baile. Ela não fez planos, mas se arrumou com primor para encontrá-lo. Ele lhe deu chocolates e a fez sorrir. O abraço era caloroso e sincero.
Tudo ia bem, como havia de ser. Mas ela não iria além, acostumada a calcular até onde deveria pisar, criava atalhos para evitar os caminhos arriscados. E era arriscado estar ao lado dele que a fazia se sentir mais forte e mais feliz do que sabia ser. Percebia-se meio boba, a rir pelos cantos. E os dias se seguiram com leveza, enquanto os dois trocavam mensagens de apreciação e saudade. Um relaxante torpor a impedia de fugir.
Mas o cavaleiro de veras ansiava pelo momento em que a moça lhe entregaria seu coração. Ele tinha uma espada e derrotou os monstros e os medos que aprisionavam a menina. E, então, a mais antiga das magias aconteceu: eles se apaixonaram!
Hoje eles caminham lado a lado por uma trilha de tijolos dourados. Ele a ensinou a dizer eu te amo. Ela lhe trouxe paz e aconchego. Entrelaçaram dedos, sorrisos e futuros.
E viverão felizes para sempre, enquanto houver um ao outro para amar.

 

7 comentários:

  1. Thamiris, você me roubou este texto da mente? Não parece você, aliás parece você num tom novo e menos realista. Engraçado é que você defende a "menina de antes" muito sutilmente: "Ela caminhava, PASSOS FIRMES, mas ninguém ao lado para dar as mãos." Tipo, ela era segura de si e auto suficiente, tah? "“não preciso de um Outro para ser feliz”. E não precisava mesmo." Tah, né. Mas aí, a menina se rendeu, mas demorou tanto, porque até então não tinha príncipe, ora essa, agora, ao que parece, ele finalmente achou a dona do sapatinho que ele vinha guardando. Ai, bem...

    "Ela se via borralheira, ele a via Cinderela." Podia ser mais fofa? Acho que não. Tão leve e tão cheio de fulgor, bem como devem ser as paixões!
    Me diz se a garota da foto não lembra Ana Bia? É ela? rsrsrs

    Bjo.

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  2. Absurdamente bem escrito, estruturado e ...sentido!! Lindo, Thamiris. Parabéns!!

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  3. Q gracinha... autobiografico??? Espero q sim! Escreva sempre! =)

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  4. Sim, é metaforicamente autobiográfico! haha!


    Guiii, e a dona do sapatinho era eu! Nem consigo acreditar!
    :):)

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  5. Não poderia voltar de melhor forma.
    Lindo!

    Karen.

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