quinta-feira, 29 de abril de 2010

inventei que o vento me invertia

inventei que o vento me invertia,
escrevi que o crível me recriava,
calculei o canudo que me cabia,
inspirei o poema que me respirava.

é meu modo de mordiscar a coleira,
porque não me fiz frágil nem freira,
parti desde o parto para essa estrada
sem licença para de seda laços
mas de pau e pedra e canetada.

cigana que não se engana nas artimanhas
só espera a espreita enquanto estranha.
para voltar envolta de início
a inventar vento malício.
entoando odes ao ocioso ciclo.

6 comentários:

  1. Gostei! Muitas figuras de linguagem... Como a poesia deve ser: uma brincadeira com as palavras...

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  2. Quanta beleza nessas entrelinhas...Parabéns por sempre nos remeter tão belas e encantadoras palavras!

    Pra que se fazer de frágil?
    Vc, eu, todos nós, somos frágeis, de verdade, sem imitações,mas só mostramos nossas limitações e fragilidades quando desejamos, ou, quando o coração grita sem nos dar escolha.

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  3. divertida e gostosa brincadeira com as palavras e sentidos

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  4. "parti desde o parto para essa estrada
    sem licença para de seda laços
    mas de pau e pedra e canetada."

    muito o meu momento!

    quanto ao poema, é brilhante, delicioso... amei!

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  5. Nossa amiga... vc sempre se supera...

    Muito perfeito... tão bom que nem sei se consegui entender tudo... e nem precisa né...

    Linda simbolista!

    Beijo

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  6. "inspirei o poema que me respirava"

    VOCÊ É INCRÍVEL!
    AMEI!

    Cada dia vc me aparece com um texto/poema/conto/etc melhor q o anterior...
    bjo amiga artista!
    ;D

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